A doença cardiovascular (DCV) é a principal causa de mortalidade a nível mundial e prevê-se que o número de mortes aumente. Em determinados indivíduos, alguns factores de risco cardiovascular, como a resistência à insulina, obesidade, hipertensão arterial e dislipidemia, têm tendência a agregar-se numa entidade única, a denominada Síndrome Metabólica (SM). A prevalência dessa síndrome está a aumentar em todo o mundo, cada vez que mais pessoas adoptam o estilo de vida ocidental. Entre as principais características desse estilo de vida, além do balanço de energia positivo e dos comportamentos prejudiciais à saúde, destaca-se o stresse psicossocial. A resposta ao stresse leva à activação de dois importantes sistemas neurohumorais, o eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal e o sistema simpato-adreno-medular, que libertam cortisol e catecolaminas, respectivamente, exercendo uma acção crucial na função cardiovascular e no metabolismo energético. No entanto, esses sistemas, sob influência dos padrões de vida actual, nomeadamente quando repetidamente activados por longos períodos, podem deixar de ter uma acção adaptativa e conduzir a doença. Estudos recentes têm realçado o impacto do stresse psicossocial na DCV, sugerindo que o aumento da reactividade ao stresse, de forma sustentada, pode ser um factor preditivo da SM e eventos cardíacos adversos. Além disso, o aumento do tempo de recuperação após o evento stressor também se associa a risco cardiovascular. Estas evidências, podem ser úteis na prevenção e no tratamento da DCV. De facto, estudos recentes sugerem que intervenções a nível psicológico podem reduzir a recorrência e a mortalidade da DCV.
Cardiovascular disease (CVD) is the leading cause of mortality worldwide and the number of deaths is expected to increase. in certain individuals, some cardiovascular risk factors such as insulin resistance, obesity, hypertension and dyslipidemia tend to cluster in a single entity, called Metabolic Syndrome (MS). the prevalence of this syndrome is increasing worldwide, as more people adopt the western lifestyle. Among the main features of this lifestyle, in addition to positive energy balance and adverse health behaviors, is psychosocial stress. the stress response leads to activation of two major neurohumoral systems, the hypothalamic-pituitary-adrenal axis and the sympathetic-adrenal medulla system which, through the release of cortisol and catecholamines respectively, exert crucial roles upon both cardiovascular function and energy metabolism. However, these systems under the influence of current living standards, particularly when activated repeatedly for prolonged periods, may fail to have an adaptive action. recent studies have highlighted the impact of psychosocial stress on cardiovascular disease, suggesting that increased reactivity to stress, in a sustained manner, can be a predictor of metabolic syndrome and adverse cardiac events. Furthermore, the increase in recovery time after the stressor event is also associated with cardiovascular risk. These evidences might be useful for both the prevention and treatment of CVD. in fact, recent studies suggest that psychological interventions reduce CVD recurrence and mortality.